Diversos pontos da cidade foram erguidos sobre locais de sepultamento de outras épocas da cidade.
Manaus – A cidade de Manaus é conhecida pela beleza natural, cultura diversa, por ser fronteada pelo colossal Rio Negro, No entanto, há pontos da história de Manaus que não são tão iluminados. Um destes pontos, desconhecido mesmo por moradores antigos da cidade, é que muitas de nossas praças e locais públicos mais conhecidos foram construídos sobre habitações e cemitérios indígenas.
Elaboramos uma lista dos locais mais famosos de Manaus que tem essa origem em comum em cemitérios. As informações foram fornecidas pela pesquisa historiográfica do historiador Bruno Braga, mestre em História Social pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutorando em História Cultural pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

A própria origem de Manaus
Manaus como um todo foi erguida sobre as redondezas do que era conhecido como a Fortaleza da Barra do Rio Negro, que o antropólogo José Ribamar Bessa chamou de “curral dos índios”.
“Era nesse local que os indígenas dos séculos XVII, XVIII e XIX exerciam seus afazeres”, afirma o pesquisador.
É por ter sido construída sobre um local com tantos indígenas de culturas diversas que a cidade de Manaus apresenta diversos pontos que têm origem em cemitérios indígenas, ou em que arqueólogos frequentemente encontram resquícios da história dos nossos primeiros habitantes.

Praça da Saudade

O viajante francês Paul Marcoy, que fez uma viagem para a Amazônia em 1848, documentou que na Barra do Rio Negro, atual Manaus, havia um cemitério indígena na região mais distante da vida urbana do local. O cemitério guardava especificamente os mortos de grupos rio negrinos da família aruak, Baré, Passé.
A região é muito provavelmente a região em que está hoje a Praça Cinco de Setembro, popularmente conhecida como Praça da Saudade.
“O nome popular remeteria justamente a estes cemitérios e a presença de artefatos arqueológicos encontrados na região corrobora os indícios da antiga existência desse local de sepultamento”, explica o professor.
Praça Nove de Novembro
A praça Nove de Novembro, hoje quase extinta, tem sido local de descoberta de diversos artefatos arqueológicos e urnas que fazem alusão à provável guarda dos corpos de indígenas de outrora. “É significativo e expressivo o valor desses lugares para pensarmos a própria história da cidade e da gente dela”, reflete Bruno.
Praça Dom Pedro II

Talvez o exemplo mais famoso e consolidado de um local público construído sobre um cemitério indígena, a Praça Dom Pedro II, no entorno do Paço Municipal e ainda estendendo-se à área do Museu da Cidade, possui uma riqueza arqueológica impressionante. Urnas encontradas no local já foram adicionadas ao Museu da Cidade.
Notória pelos traços arquitetônicos do período áureo do Ciclo da Borracha, é um contraste cultural observar que a praça Dom Pedro conhecida pela beleza e pelos sinais associados a uma riqueza civilizacional europeia foi construída justamente sobre um cemitério indígena, reforçando simbolismos que permeiam a história de Manaus.
O professor Bruno destaca a semelhança sentimental e de preservação de memória entre as praças que coincidem em ter esse histórico.
“É bacana pensarmos como a cidade se desenvolveu por sobre ‘os mortos’, se formou, urbanizou em locais de memória, de saudade. A Praça Dom Pedro II, é apontada como um sítio arqueológico devido a onipresença desses elementos e do antigo cemitério indígena”
Construção do Conjunto Residencial Cidade Nova
Mais distante do Centro Histórico de Manaus, durante a construção do Conjunto Residencial Cidade Nova, em 2001, foi descoberto um imenso sítio arqueológico, cobrindo mais de 250 mil metros quadrados. No local, além de um cemitério indígena, foram achados outros indícios de presença dos nossos primeiros habitantes, como cerâmicas e artefatos do dia-a-dia.
Em Tempo
Participe do nosso Grupo do Whatsapp
Inscreva-se no nosso Canal do Youtube
Siga nossa Página do Facebook
Siga nosso Twitter
Siga nosso Tiktok