No Brasil dos mais de 14 milhões de desempregados, uma jovem ambulante de 18 anos está passando por uma situação inusitada nas redes sociais de Manaus.
Gabriele Nascimento postou uma foto na frente da banca de bombons onde trabalha, para dizer que tem orgulho de viver honestamente.
Só que além dos elogios, recebeu uma enxurrada de críticas. É isso mesmo. Filha de uma motorista de ônibus e enteada de um padrasto que trabalha como autônomo, vivendo numa casa com mais dois irmãos menores, a moça viu, entre as mais de 6 mil curtidas, brotarem aplausos, piadinhas sem graça e até cantadas.
“Eu nunca pensei que fosse repercutir tanto. Vieram os elogios, mas também apareceram as pessoas com críticas – Falaram que não era nada demais. Que tinham outras pessoas que faziam o mesmo.
Que repercutiu por causa da minha beleza – Outros, me defenderam, falaram que com a minha idade eu poderia estar fazendo outra coisas [prostituição] assim como outras meninas fazem. Mas não, pelo contrário, eu estava trabalhando”, relatou a jovem Gabriele Nascimento, de 18 anos, que viralizou no último sábado (18).
A jovem que trabalha como vendedora de bombons em festas escreveu na legenda: “Que vergonha o quê, eu quero é ganhar dinheiro”. A postagem já alcancou mais de 7 mil compartilhamentos. Nesta quarta-feira, com o decreto do governo do Amazonas de fechar comércios e festas por causa da pandemia, Gabriela disse que terá problemas. “Não tem festa, não tem banca. Vamos ter que nos aguentar.”
Com exclusividade ao Portal Repórter Manaós a jovem moradora da Comunidade Santa Marta, no Terra Nova, Zona Norte de Manaus, sonha um dia retribuir as coisas boas que recebeu da família, fazer uma faculdade e provar que sua história de vida terminará em vitória.
“Eu estava trabalhando de carteira assinada só que eu fiquei muito doente, peguei seis dias de atestado. Só que meu erro não foi ter levado o documento para a empresa durante o período de afastamento, levei depois que melhorei. Ai peguei minhas contas.
Só que eu sempre fiquei na banca de bombons. Mas agora estou com mais frenquência, trabalhando todos os dias. Meu lucro é conforme as vendas, já que trabalho ajudando um parente. Tem dias que dá R$ 300. Tem dias que a polícia chega 11 horas, outras vezes 1 hora da manhã. Aí acaba a festa e acabam as vendas”.
Gabriele ainda ressaltou que não tem vergonha de trabalhar, e, que, desde cedo, aos 16 anos, aprendeu a fazer farofa e saía oferencendo nas ruas e lojas, quando morou em Presidente Figueiredo, na casa da avó.
“Tem muita gente que tem vergonha. Quando eu tinha 16 anos, eu queria ter meu próprio dinheiro, mas é difícil arrumar emprego com essa idade. Aprendi a fazer farofa e comecei a vender na rua. As pessoas não têm que ter vergonha. Eu não tenho! O jovem precisa ter força de vontade. Ser honesto, porque Deus abençoa muito”, confidenciou a jovem que além da banquinha, também tem uma lojinha virtual de maguiagem; @gabb_makes.

PAROU OS ESTUDOS NA PANDEMIA

Gabriela parou os estudos no segundo período de Farmácia. A pandemia cobrou seu preço. “Eu tinha que sair para trabalhar e quando chegava já tinha perdido a aula on line.”, conta a jovem, que pede a Deus para que a vida volte ao normal e ela possa realizar seu sonho de se formar.
Por Suzana Martins – Repórter Manaós
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