Segundo Marcellus Campêlo, governo usa como métrica o recrudescimento da doença na Europa, já que nas duas primeiras vezes coincidiram os picos da pandemia no continente e no estado.
O governador Wilson Lima disse que se prepara para o pior cenário possível no caso de uma terceira onda de Covid-19 no Amazonas. Para ele, é inegável que haverá um novo surto da doença. No entanto, ele não detalhou quais informações serviram de base para a afirmação e disse que o estado já está em contato com especialistas do país e do mundo para mapear quais os possíveis efeitos do novo pico.
MANAUS – O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), afirma que acredita muito na possibilidade de uma terceira onda da pandemia de Covid-19 no estado e diz estar preocupado com a possibilidade. A manifestação pública foi em evento para entrega de veículos a municípios do Amazonas para ações de controle da malária, na Arena da Amazônia, zona centro-sul de Manaus, na terça-feira, 6.
Lima afirma não saber qual a proporção de uma eventual terceira onda. “Eu acredito muito na possibilidade de uma terceira onda. Quando ela vai acontecer? Não sei. Quais as proporções dessa terceira onda, também não sei”, disse. A declaração ocorre três dias após o governo afrouxar ainda mais as medidas de restrição para reduzir o risco de contágio pelo novo coronavírus.
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O governador disse estar ouvindo profissionais para ajudar na projeção dos impactos. “Nós temos procurado todos os especialistas do Brasil e de outras partes do mundo para que nos apresentem um modelo matemático, para que a gente possa ter uma clareza do que vai acontecer nos próximos dias”, disse.
O Amazonas se prepara para o pior cenário, segundo Lima. “Eu estou muito preocupado com isso. Tenho conversado muito com o pessoal da Fundação de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Saúde da capital e interior para que possamos nos preparar para o pior cenário possível”.
O governador afirma que o estado foi o primeiro a sentir os impactos mais fortes da pandemia no país. “O fato é que o que vai acontecer no Brasil ou se acontecer uma terceira onda eu não tenho dúvida de que passará pelo estado do Amazonas. O Amazonas tem sido esse espelho e tem sido o primeiro estado a ser atingido pela pandemia. E é isso que nos deixa muito preocupados”, disse.
De acordo com Wilson Lima, lidar com o novo coronavírus é imprevisível. “Não há um ponto para você dizer ‘olha, você vai precisar de X leitos clínicos, X leitos de UTI’. É algo que estamos aprendendo à medida que as coisas vão acontecendo”, disse.
Lima não descarta a possibilidade de surgir uma nova variante do coronavírus. “Na segunda onda tivemos o caso da P1, que foi uma variante com uma capacidade muito maior de transmissibilidade. A gente não sabe o que vai acontecer a partir de agora, se vamos ter uma nova variante”.
Com a chegada do período seco no Amazonas e vacinação, a expectativa é que a propagação do vírus seja reduzida. “Estamos chegando agora em abril, maio, estamos passando do período chuvoso. Pode ser que o período de estiagem nos ajude aqui no Amazonas. A gente conta com essas possibilidades, conta também com a questão da vacinação”, afirmou.
A declaração foi dada na manhã desta terça-feira (6), durante um evento de entrega de equipamentos para o combate da malária no estado. Participaram da cerimônia, além do governador, o titular da Secretaria de Saúde, Marcellus Câmpelo, e o diretor-presidente da Fundação de Vigilância e Saúde (FVS-AM), Cristiano Fernandes.
“Eu acredito na possibilidade de uma terceira onda. Quando vai acontecer, eu não sei. Quais as proporções, também não sei. Mas temos procurado técnicos do Brasil e do mundo para que nos apresentem um modelo matemático para que a gente possa ter uma clareza do que vai acontecer nos próximos dias. Eu estou muito preocupado com isso, tenho conversado muito com a Fundação de Vigilância e Saúde e a Secretaria de Saúde para que a gente possa se preparar para o pior cenário possível”, destacou o governador.
Segundo o governador, na segunda-feira (5), houve uma reunião entre representantes do governo e da empresa White Martins, responsável pelo fornecimento e abastecimento de oxigênio no estado. O tema do encontro foi um provável aumento no consumo do insumo com a terceira onda e a possibilidade de estocagem.
“Na primeira onda, em 30 dias, saímos de um consumo de 15 metros cúbicos/dia para 30 metros cúbicos. A White Martins produz hoje 36 metro cúbicos/dia. Quando veio a segunda onda, saímos de 15 metros cúbicos para quase 80, em um prazo de 15 dias. A conversa que tivemos foi para saber qual a capacidade de armazenamento que ela [White Martins] tem e para entender como é que a gente vai ter essa quantidade suficiente de oxigênio, caso haja um aumento exponencial dos casos aqui no estado. A White Martins tem a capacidade de armazenamento de 250 metros cúbicos e a gente trabalha também com outras possibilidades”, disse o governador sem detalhar as ações.
No entanto, o governador disse que, por hora, não deve fechar serviços não-essenciais e voltar a decretar medidas mais rígidas em relação à circulação de pessoas. Mas não descartou a possibilidade, caso os números de casos, internações e óbitos pelo coronavírus no Amazonas voltem a subir. Em todo o estado, até a segunda-feira (5), o número de casos confirmados da doença ultrapassou 352 mil. Já o total de vidas perdidas para Covid chegou a 12.107.
“No momento em que tivermos uma tendência de subida dos casos, a gente não tem a menor dúvida das medidas que devem ser tomadas. A questão da restrição do funcionamento de atividades, principalmente aquelas em que as pessoas se expõem mais. Tem flexibilização, pois temos queda no número de casos e capacidade de receber todos os pacientes em unidades hospitalares. E outro detalhe situação social e econômica do Amazonas não nos permite ficar muito tempo fechados. Tem muita gente morrendo de fome, desempregada, perdendo seus empregos. Precisamos encontrar o equilíbrio e é isso que estamos tentando fazer”, afirmou.
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Movimentação de consumidores no centro de Manaus (AM), após retomada parcial do comércio, neste sábado, 27 de fevereiro de 2021. — Foto: Aguilar Abecassis/Photopress/Estadão Conteúdo
Espelho para o resto do país, mas que reflete a Europa
O diretor-presidente da Fundação de Vigilância e Saúde do Estado (FVS-AM), Cristiano Fernandes, também falou sobre uma possível nova onda da doença. Ele disse que técnicos do órgão já analisam os prováveis cenários que podem se desenrolar nos próximos meses a partir do que vem ocorrendo na Europa.
“O mundo inteiro tá preocupado com o perfil epidemiológico da doença. A gente olha para Europa e percebe que vários países europeus têm apresentado o recrudescimento da chamada terceira onda. Essa preocupação é traduzida para nossa realidade”, explicou.
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FOTO DE 21 DE OUTUBRO: Equipe médica cuida de paciente com Covid em UTI de hospital em Liege, na Bélgica, durante a segunda onda do novo coronavírus na Europa — Foto: Francisco Seco/AP
Questionado sobre o motivo pelo qual o Amazonas se baseia nos padrões europeus sobre a pandemia, Fernandes disse que como o estado foi um dos primeiros do país a colapsar tanto na primeira vez quanto da segunda, não consegue ter um padrão dentro do Brasil para seguir.
“Ao contrário dos demais estados, o Amazonas teve o primeiro impacto em março e pico em maio, e o segundo impacto agora em janeiro, então a gente serve de espelho para os demais estados verem o que estava acontecendo e até se preparar. A dificuldade do amazonas é de quem a gente vai se espelhar. A gente tem olhado sempre o comportamento da Europa e a partir daí a gente traduz para a nossa realidade. Pintamos o pior cenário e a partir daí a gente trabalha para que ele não aconteça”.

Secretário de saúde do Amazonas diz que 3ª onda de Covid no estado pode começar em 60 dias
O secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, disse que a 3ª onda de Covid-19 no estado pode começar em 60 dias. Segundo ele, o Governo está usando como métrica o recrudescimento da doença na Europa, já que nas duas primeiras vezes coincidiram os picos da pandemia no continente e no estado. No entanto, Campêlo não mostrou dados técnicos que comprovem a afirmação.
A declaração foi dada nessa terça-feira (6), durante um evento ao lado do governador Wilson Lima. Assim como Campêlo, Lima também falou sobre uma possível terceira onda e disse que o Estado se prepara para o pior cenário possível, caso isso ocorra.
“Existe um delay de 60 dias entre a Europa e o Amazonas. Mas isso depende muito das medidas que são tomadas, principalmente, em relação ao comportamento social. Temos que ter um comportamento social de prevenção, usar máscara e evitar aglomerações, porque isso nos garante uma não-contaminação. Agora, isso também é relativo. Veja que na onda passada passamos de abril e maio até novembro sem um aumento na alça epidêmica”, explicou.
Para tentar conter o agravamento da doença, como ocorreu na primeira e na segunda onda, o secretário disse que o estado prepara um novo plano de contingência, que vai monitorar os dados da pandemia e mostrar quais as medidas que devem ser adotadas caso haja um aumento de casos, internações e óbitos em decorrência da Covid.
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Paciente com Covid-19 dá entrada no Hospital Nilton Lins, em Manaus (AM). — Foto: Divulgação/Secom
“Não é um plano do governo, da Secretaria de Saúde, mas é um plano da sociedade para o enfrentamento da pandemia. Estamos preparando esse plano como dever da prudência. Temos que ter prudência, temos que ter um plano. Estamos vendo os números agravando na Europa e a dinâmica do vírus foi, na primeira e na segunda onda, Europa – Amazonas – Brasil. Não tem indicador que diga que não será dessa forma também. Estamos otimistas com os números da vacinação, mas é preciso ter um plano e alertar a população para manter as medidas de segurança”, destacou o secretário.
Dessa vez, o Estado não pretende fechar nenhuma unidade de campanha montada para atender os pacientes com a doença. Da primeira vez, entre o primeiro e o segundo pico da doença, o Hospital de Campanha da Nilton Lins foi desativado. Até a terça-feira (6), o Amazonas já registrou quase 354 mil casos da doença e mais de 12 mil óbitos. Cerca de 800 pessoas estão internadas e outras 30 aguardam um leito, seja de UTI ou clínico.
“Nós temos um limite físico de leitos. Isso é natural em qualquer rede de saúde. Mas nós estamos trabalhando para manter todas as estruturas. Nenhuma [estrutura] foi desmontada, com exceção da enfermaria de campanha do Hospital Delphina Aziz que é uma estrutura das Forças Armadas e foi desmontada para ser levada para estados mais agravados. O restante da nossa rede, inclusive, o Hospital de Campanha da Nilton Lins, ele permanece instalado”.
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Hospital de Campanha do Exército foi desativado em Manaus. — Foto: Divulgação
Mas, apesar da preparação, o secretário disse que os números de casos, internações e mortes continuam caindo e já voltaram ao patamar inicial de antes da segunda onda, que ocorreu entre os meses de janeiro e fevereiro. No entanto, o Estado segue monitorando os dados e qualquer mudança acenderá um sinal de alerta nos órgãos de vigilância e controle.
“Estamos com os números caindo, chegamos na base da onda anterior. Vamos analisar isso. E esse monitoramento desses números vão nos dar as medidas necessárias. Caso haja um aumento, nosso plano tem que ser de retroceder a flexibilização, porque ainda não temos a cobertura vacinal adequada para garantir a imunização da população”.
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Secretário mostrou preocupação com provável terceira onda da doença no estado. — Foto: Matheus Castro/G1
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