O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul entrou com uma ação pública contra o apresentador Sikêra Jr.e a RedeTV!, após o jornalista ter tecido comentários preconceituosos contra o público LGBTQ+durante o programa policial Alerta Nacional. O órgão ainda pede que as duas partes paguem uma indenização de R$ 10 milhões. Sikêra chegou a chamar acomunidade de “raça desgraçada”.
“A criançada está sendo usada. Um povo lacrador que não convence mais os adultos e agora vão usar as crianças. (…) Deixa essa tara, não vem para o lado das crianças. (…) A gente tá calado engolindo essa raça desgraçada. (…) O comercial é podre, nojento, ridículo”, disse o apresentador ao vivo, ao comentar comercial do Burger King em respeito à diversidade.
Essa, no entanto,não é a primeira vez que ele é acusado de LGBTfobia por utilizar o termo “raça desgraçada” neste contexto.
Segundo a petição, assinada pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão, Enrico Rodrigues de Freitas, em parceria com o grupo Nuances – Grupo Pela Livre Expressão Sexual, Sikêra Jr. carrega uma “constante ameaça nas próprias falas”, que contêm “teor discriminatório e de preconceito”.
Além de associar a homossexualidade com práticas de crimes associados à pedofilia, o apresentador “estimula a violência contra este grupo, caracterizando discurso de ódio e menosprezo pelo ordenamento jurídico e pelas instituições democráticas”, diz a ação pública.
O discurso do apresentador, feito no programa de sexta-feira (25), aconteceu por conta de uma propaganda do Burger King em que crianças de diferentes idades são entrevistadas e explicam que é normal ver homens e mulheres do mesmo sexo juntos. Algumas delas têm pais que são gays.
VEJA O MOMENTO POLÊMICO
VEJA O MOMENTO QUE SIKERA FALA DA PERDA DOS PATROCÍNIOS
Essa situação gerou a campanha #DesmonetizaSikeira no Twitter. A hashtag pede que empresas rompam seus contratos de publicidade com o programa Alerta Nacional, do apresentador Sikêra Jr. Na última sexta-feira (25), ele utilizou seu programa para disseminar discurso de ódio contra a comunidade LGBTQIAP+. Duas marcas já deixaram de patrociná-lo.
A campanha sofreu forte rejeição do público conservador e virou alvo de redes bolsonaristas. “A criançada está sendo usada. Um povo lacrador que não convence mais os adultos e agora vão usar as crianças. É uma lição de comunismo: vamos atacar a base, a base familiar, é isso que eles querem. Nós não vamos deixar”, continuou Sikêra.
O movimento Sleeping Giants foi um dos promotores da tag, que cobrou ainda Ultrafarma, Sky, Seara, Lojas Americanas, Hapvida e MRV. “QUEM PAGA ESSA CONTA? Ajude-nos a alertar as empresas para que nesse Dia Internacional do Orgulho LGBT façamos mais do que trocar a foto do perfil!”, escreveu o movimento.
O ativista e ex-deputado Jean Wyllys foi um dos que cobrou a Hapvida ao comentar uma publicação sobre o Dia do Orgulho feita pela rede de saúde. “Permitindo que um apresentador patrocinado por vocês insultem a comunidade LGBTQ com mentiras e ilações criminosos, vocês não apoiam nossa comunidade, vocês só querem nos explorar economicamente. Não deixaremos!”, criticou o ativista.
Em resposta, a marca anunciou que o Alerta Amazonas saiu dos planos de mídia. “Olá, Jean, boa tarde! Não apoiamos forma alguma de preconceito, seja social, de credo, raça, gênero ou orientação sexual. No momento, suspendemos o patrocínio do Alerta Amazonas. Estamos sempre trabalhando por uma sociedade mais saudável”, disse a HapVida Saúde.
A MRV também seguiu o mesmo caminho. “A MRV acredita na diversidade e não compactua com qualquer forma de preconceito. O programa Alerta Amazônia já não faz mais parte dos nossos planos de mídia”, anunciou.
O senador Fabiano Contarato (Rede-AP) afirmou no Twitter que pediu ao Ministério Público “que investigue este apresentador por homofobia, conduta que deve ser punida na lei penal”. “Liberdade de expressão não pode ser usada para cometimento de crimes, incitação à violência e ofensa à honra, à dignidade e à imagem”, tuitou.
Na ação, o MPF e o grupo Nuances pedem que tanto a RedeTV! quanto Sikêra Jr sejam condenados a pagar uma quantia de R$ 10 milhões a título de indenização por danos morais coletivos. O montante deverá ser destinado à estruturação de centros de cidadania LGBTQ+.
Eles pedem, também, a exclusão na íntegra do programa exibido na última sexta (25) de sites oficiais e redes sociais. Além de publicar uma retratação ao vivo durante a exibição do Alerta Nacional, com a mesma duração das declarações preconceituosas de Sikêra –ou seja, em torno de 15 minutos.
Ações judiciais
A Aliança Nacional LGBTQI+ afirmou que vai entrar em contato com todos os patrocinadores do programa Alerta Nacional, da RedeTV!, no intuito de assegurar que o telejornal não vire palco para “difamação e pânico moral”. “Esse senhor é recorrente em suas mentiras, ataques e agressividades. Entraremos na Justiça. LGBTfobia é crime, sim”, avisa Eliseu Neto, coordenador de Advocacy da Aliança LGBTI, em nota.
O ativista Antônio Isupério chegou a abrir representações no Ministério Público Federal e no do Estado do Amazonas contra Sikêra Jr. Ele acredita que os indícios são suficientes para que o jornalista seja preso.
https://twitter.com/delucca/status/1409586035143503872
Pedimos ao Ministério Público que investigue este apresentador por homofobia, conduta que deve ser punida na lei penal. Liberdade de expressão não pode ser usada p/ cometimento de crimes, incitação à violência e ofensa à honra, à dignidade e à imagem. https://t.co/XJCJ0bt3kO
— Fabiano Contarato (@ContaratoSenado) June 28, 2021
Fontes:
https://revistaforum.com.br/lgbt/desmonetiza-sikera-jr-homofobia/
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