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O dólar à vista fechou em alta nesta segunda-feira, 16, renovando a cotação máxima histórica, conforme receios do mercado com o cenário fiscal e os elevados prêmios de risco do país superaram o impulso positivo da venda de mais de 4,6 bilhões de dólares pelo Banco Central em dois leilões realizados durante a manhã.
O dólar à vista encerrou o dia em alta de 1,04%, cotado a 6,092 reais — o maior valor nominal de fechamento da história.
Na B3, às 17h03, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,86%, a 6,100 reais na venda.
Já o Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, sem trégua na alta das taxas dos contratos de DI em meio a preocupações com o cenário fiscal e a política monetária no país, enquanto GPA disparou com crescentes especulações envolvendo o empresário Nelson Tanure.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,84%, a 123.560,06 pontos, de acordo com dados preliminares, tendo marcado 123.495,17 pontos na mínima e 124.955,95 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou 22,78 bilhões de reais.
A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva das negociações corpo a corpo com as lideranças políticas pelo avanço do pacote fiscal, uma vez que ele se encontra em São Paulo se recuperando de uma cirurgia para drenar um hematoma no crânio, parecia ofuscar ainda mais as perspectiva de aprovação das medidas.
“Há um grande apreensão em relação ao pacote e sobre a votação do Orçamento… além de sobre o que foi proposto e o que pode cair”, disse Flávio Serrano, economista-chefe do banco Bmg.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com Lula nesta segunda na capital paulista para discutir as medidas fiscais. Ele disse que o presidente fez um apelo para que as propostas do governo não sejam desidratadas.
Lula afirmou em entrevista ao “Fantástico”, da Rede Globo, divulgada no domingo, que “a única coisa errada nesse país é a taxa de juros estar acima de 12%. Essa é a coisa errada. Não há nenhuma explicação”.
Aumento dos preços
Alimentos: pão francês, macarrão e biscoitos
Os alimentos são muito influenciados pela cotação do dólar porque são bens comercializáveis e com preços definidos pelo mercado global. Por isso, commodities – ou seja, uma matéria-prima com preço internacional, sujeito a oscilações do mercado – como soja, milho e trigo têm seu preço influenciado pelo dólar. Isso acaba se refletindo no preço de uma série de derivados.
O trigo, por exemplo, é um desses itens amplamente importados. O Brasil historicamente importa mais trigo do que exporta, a fim de suprir a demanda do cereal. Com o dólar mais caro, a tendência é o custo do trigo subir e isso afetar preços de produtos como pão francês, biscoitos e macarrão, que dependem do insumo.
Carnes
O preço da carne bovina depende de uma série de fatores. Dentre eles, um que mexe com o valor do produto final ao consumidor é o dólar. Isso porque a pecuária brasileira depende de insumos muitas vezes importados, como fertilizantes e rações, o que torna a carne mais cara quando o dólar sobe.
Outro fator é a dinâmica de exportações. Com a moeda americana valorizada, exportar carne se torna mais lucrativo para os produtores, o que pode reduzir a oferta no mercado interno e aumentar os preços para os consumidores brasileiros.
Gasolina
A gasolina tem seu preço atrelado ao mercado internacional de petróleo, que é cotado em dólar. Com a valorização da moeda americana, isso impacta diretamente no valor da gasolina que é distribuída e chega aos postos de combustíveis.
Passagens aéreas
A passagem aérea é outro item que costuma ficar mais caro com a alta da moeda americana. O combustível de aviação é dolarizado, e o valor das passagens de avião tende a subir nesse contexto.
Transporte público
O aumento nos combustíveis reflete nos custos das empresas de transporte, que podem repassar parte desse aumento aos usuários.
Frete mais caro
A alta do dólar também impacta o custo do frete, já que o transporte de muitos produtos depende de combustíveis, como a gasolina e o diesel. Com isso, parte desse aumento no valor do frete é repassado no preço final de diversos produtos, sobretudo alimentos.
Eletrônicos, smartphones e medicamentos
O preço de diferentes produtos importados, ou cujos componentes são importados, também pode ficar mais caro com a alta do dólar. É o caso dos eletrodomésticos (como geladeiras, fogões e máquinas de lavar) que frequentemente possuem peças importadas.
Os eletrônicos (como smartphones, TVs, computadores e tablets) também são afetados, pois dependem de uma cadeia de produção global e insumos cotados em dólar.
O mesmo ocorre com produtos de higiene e limpeza (sabonetes, detergentes, itens de limpeza em geral e cosméticos), que podem utilizar matérias-primas importadas e têm custos de transporte elevados pela alta da moeda americana.
Medicamentos de uso comum ou específico também podem subir de preço, já que podem depender de insumos farmacêuticos vindos de fora do país.