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A investigação conduzida pela Polícia Federal sobre o desvio de R$ 2 bilhões no Caixa Tem e destaca a vulnerabilidade de sistemas financeiros digitais, especialmente em um cenário de crise como o gerado pela pandemia de Covid-19.
O Caixa Tem foi criado pelo governo brasileiro em resposta à necessidade emergente de proporcionar acesso a recursos financeiros a populações vulneráveis, facilitando o recebimento de auxílios emergenciais destinados a mitigar os impactos econômicos da pandemia. Inicialmente, a plataforma cumpriu seu papel de forma eficaz, ajudando milhões de cidadãos a obterem suporte financeiro em um momento de grande necessidade.
Segundo a investigação revelada nesta segunda (28) pela Folha de S. Paulo e confirmada pela Gazeta do Povo com fontes a par da investigação, os criminosos ofereciam propinas a funcionários da Caixa e de casas lotéricas para obter dados pessoais de beneficiários e sacar indevidamente os valores.
A Caixa afirmou à reportagem que colabora com as investigações e que monitora ininterruptamente seus produtos, serviços e transações bancárias para identificar casos suspeitos (veja na íntegra mais abaixo).
Mecanismos de Fraude Identificados
A investigação conduzida pela Polícia Federal revelou uma diversidade de mecanismos de fraude que permitiram o desvio de R$ 2 bilhões no Caixa Tem. Os criminosos adotaram uma série de técnicas sofisticadas, utilizando dados falsos para criar perfis fictícios e acessar contas de beneficiários legítimos. Esses perfis eram frequentemente construídos com informações coletadas em plataformas de redes sociais, onde os golpistas exploravam a vulnerabilidade dos usuários para obter dados pessoais como nome completo, CPF e detalhes bancários. A interceptação de dados sensíveis se tornou uma prática comum, o que levantou preocupações sobre a segurança digital.
Outro método identificado foi a engenharia social, onde os fraudadores manipulavam indivíduos para que fornecessem informações confidenciais. Utilizando táticas de persuasão, como chamadas telefônicas ou mensagens de texto fraudulentas, os golpistas se apresentavam como funcionários de instituições financeiras ou do próprio programa, ludibriando as vítimas a revelarem credenciais de acesso. Essa estratégia revela não apenas a habilidade dos criminosos em enganar, mas também a necessidade premente de um maior nível de conscientização nas práticas de segurança digital.
Segundo a apuração, o esquema consistia no acesso a CPFs e outros dados de pessoas inscritas em programas sociais do governo federal, no FGTS e no seguro-desemprego. De posse dessas informações, os fraudadores simulavam o acesso legítimo ao Caixa Tem, desviando os recursos diretamente da conta da vítima.
A omissão política foi decisiva para que o golpe atingisse escala nacional. Funcionários da Caixa alteravam cadastros, facilitavam saques fraudulentos e recebiam propinas — tudo sob a vista grossa da alta cúpula.
Este não é um caso isolado. Recentemente, operações da Polícia Federal também revelaram esquemas de fraudes milionárias no INSS, com concessão irregular de aposentadorias e pensões. Sob o governo Lula, o número de denúncias contra servidores do Instituto Nacional do Seguro Social disparou, indicando que a máquina pública continua sendo usada para práticas criminosas.
Fontes informaram à Gazeta do Povo que a organização criminosa utilizava programas capazes de emular celulares em computadores, o que permitia realizar centenas de acessos diários a múltiplas contas ao mesmo tempo. O esquema se baseava em fraudes de pequenos valores, mas repetidas em larga escala para atingir somas milionárias.
Desde o lançamento do Caixa Tem, em abril de 2020, foram registrados aproximadamente 749 mil processos de contestação, diz a apuração. O banco já ressarciu cerca de R$ 2 bilhões às vítimas de fraudes, segundo dados oficiais da Polícia Federal.
A Polícia Federal investiga uma organização criminosa acusada de desviar cerca de R$ 2 bilhões entre 2020 e 2025 utilizando o aplicativo Caixa Tem, ferramenta criada pela Caixa Econômica Federal para o pagamento do Auxílio Emergencial e outros benefícios sociais durante a pandemia da Covid-19.
Segundo a investigação revelada nesta segunda (28) pela Folha de S. Paulo e confirmada pela Gazeta do Povo com fontes a par da investigação, os criminosos ofereciam propinas a funcionários da Caixa e de casas lotéricas para obter dados pessoais de beneficiários e sacar indevidamente os valores.
Segundo a apuração, o esquema consistia no acesso a CPFs e outros dados de pessoas inscritas em programas sociais do governo federal, no FGTS e no seguro-desemprego. De posse dessas informações, os fraudadores simulavam o acesso legítimo ao Caixa Tem, desviando os recursos diretamente da conta da vítima.
Fontes informaram à Gazeta do Povo que a organização criminosa utilizava programas capazes de emular celulares em computadores, o que permitia realizar centenas de acessos diários a múltiplas contas ao mesmo tempo. O esquema se baseava em fraudes de pequenos valores, mas repetidas em larga escala para atingir somas milionárias.
Desde o lançamento do Caixa Tem, em abril de 2020, foram registrados aproximadamente 749 mil processos de contestação, diz a apuração. O banco já ressarciu cerca de R$ 2 bilhões às vítimas de fraudes, segundo dados oficiais da Polícia Federal.
Uma investigação da Gazeta do Povo realizada em 2021 revelou como funcionava a venda de dados de usuários e como os criminosos poderiam contornar o sistema de verificação da plataforma. Na época, a Polícia Federal afirmou ter evitado o desvio de R$ 2 bilhões do Caixa Tem, mas um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou que R$ 42 bilhões podem ter sido pagos indevidamente até aquela data.
Uma operação da Polícia Federal realizada no último dia 15 cumpriu 23 mandados de busca e apreensão em municípios do Rio de Janeiro, incluindo Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, Macaé e Rio das Ostras. Foram apreendidos 20 celulares, seis notebooks, dois veículos e diversos documentos, que são periciados pela autoridade.
Os investigados podem ser responsabilizados pelos crimes de organização criminosa, furto qualificado, corrupção ativa e passiva e inserção de dados falsos em sistemas de informação, com penas que podem chegar a 40 anos de reclusão.
Consequências Legais e Sociais
O desvio de R$ 2 bilhões do Caixa Tem, detectado pela Polícia Federal, suscitou uma série de consequências legais que impactam profundamente tanto os indivíduos diretamente envolvidos quanto o sistema como um todo. As autoridades competentes estão atualmente conduzindo investigações rigorosas, visando identificar os responsáveis por este esquema de fraude digital.
A Polícia Federal já iniciou a coleta de evidências e o interrogatório de suspeitos, e, conforme avança o inquérito, é esperado que sejam apresentadas acusações formais contra aqueles que se beneficiaram de maneira ilícita.
As punições previstas para os envolvidos neste crime podem ser severas, incluindo pena de prisão e multas substanciais. A legislação brasileira, especialmente com o advento de leis voltadas para crimes financeiros e a proteção de dados, permite que as autoridades tenham um arsenal significativo para combater esse tipo de delito. Isso não apenas reforça a necessidade de um sistema jurídico mais robusto para lidar com fraudes digitais, mas também reflete a crescente preocupação do Estado em preservar a integridade das iniciativas de inclusão financeira.
Veja abaixo a nota completa da Caixa enviada à reportagem:
A CAIXA informa que atua conjuntamente com os órgãos de segurança pública nas investigações e operações que auxiliam no combate a fraudes e golpes.
O banco ressalta que monitora initerruptamente seus produtos, serviços e transações bancárias para identificar e investigar casos suspeitos. E destaca que melhora constantemente os critérios de segurança, observando as melhores práticas de mercado e as evoluções necessárias ao observar a ocorrência de fraudes.
A CAIXA esclarece que informações sigilosas sobre eventos criminosos em suas unidades são repassadas exclusivamente às autoridades policiais e ratifica que coopera integralmente com as investigações dos órgãos competentes.
Por fim, o banco informa que em caso de movimentações e operações de FGTS não reconhecidas pelo cliente, é possível realizar pedido de contestação em uma das agências do banco, portando CPF e documento de identificação. As contestações são analisadas, de forma individualizada e considerando os detalhes de cada caso e, para os casos considerados procedentes, o valor é ressarcido ao cliente.
Mais orientações de segurança são disponibilizadas no site da CAIXA: www.caixa.gov.br/seguranca.
Com informações de Gazeta do Povo